quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Tragédia Natural?





Pensem bem, os morros precisam de coberturas vegetais, com suas árvores e todo seu tipo de vegetações nativas, para que possam se protegerem contra atividades intempericas, principalmente as chuvas. Assim quando essa chuva cai na superfície de um morro, esses recebem um impacto já amortecido, pelos seus escudos naturais, que são as árvores e todos os tipos de vegetações nativas que ficam nos morros, e mesmo quando acontecem erozões, o que é natural em qualquer tipo de região de altitude, são erozões reduzidas, que não chegam a modificar consideravelmente a paisagem.
Por outro lado nós temos também os rios, que possuem suas vegetações, chamadas de matas siliares, que ficam a beira do rio para que ao mesmo tempo possam protegê-los, contra as erozões vindas dos altos dos morros e das terras próximas a ele, segurando com suas raízes, além de oxigená-los proporcionando maior vitalidade ao rio. Desta forma, os rios não se limitam às suas áreas de percursos, mas também as áreas próximas a eles, conhecidas como áreas de enchentes e só para se ter uma idéia, para cada metro de largura de um rio, deve-se deixar livre, dois metros de área de cada lado da margem do rio, ou seja, um rio de 8 metros de largura, possui uma área de 16 metros em cada lado de suas margens para que possam ocupar com suas enchentes em épocas de cheias (leias-se épocas de chuvas), o que faz dessas áreas, partes do próprio rio.
Agora eu pergunto: O que pode acontecer, quando pessoas ocupam áreas no alto do morro, acabando com a cobertura vegetal desse, e da beira do rio, acabando com suas matas siliares? Quem respondeu desastres, está absolutamente certo, afinal essas ocupações, que nem sempre são irregulares, que acabam com a cobertura vegetal dos altos dos morros, causam erozões, descontroladas, que levam todos os tipos de construções que estão sobre elas, proporcionando muitas vezes um número sem limites de mortes. O mesmo para os rios, que sem as suas matas siliares, acabam ficando assoriados, por receberem as erozões vindas dos altos dos morros, alé, dos lixos e esgotos das casas que estão próximas a eles, aumentando assim suas áreas de enchentes, levando consigo as contruções humanas próximas a elas. e consequentemente gerando mortos e feridos. E isto eu nem mencionei na hipermeabilização do solo, provocada por áreas asfaltadas, que não deixam lugar para as águas das chuvas poderem se infiltrarem, indo em direção aos rios, além do fato de que essas hipermeabilização muda o clima local em até 10º a mais, gerando ainda mais chuvas.
Assim, são os próprios governantes que acabam deixando que a sociedade ocupe essas áreas, fazendo vistas grossas, pois quando deixam de maneira regular, é porque provam as suas incompetências e talvez vontade de fazer uma média com o mercado imobiliário, em busca de uma possível evolução econômica, grandes mansões e prédios são constrídos muitas veses na beirada dos morros, e nem precisamos falar das ocupações irregulares que não deveriam ser permitidas, mas só são, porque o estado não quer se ocupar com algo que deveria fazer, que é dar moradia a toda sua sociedade. Em Hong Kong, quando aconteceu algo parecido ao que aconteceu no Rio, semana passada, o governo tirou toda a população que estava em áreas irregulares e que tinham grandes riscos, e construiu prédios com apartamentos, para que esses moradores pudessem morar neles. Com isso, naquela cidade, nunca mais aconteceu algo semelhante.
Então podemos concluir, que chuvas são naturais, assim como terremotos, vulcanismos, tsunames, furacões, e outros fenômenos naturais que acabam provocando tragédias humanas. O que não é natural são essas ações antrópicas sobre a natureza , que acaba assim provocando essas tragédias. Dizer que esses desastres foram naturais, como está amplamente falado na imprensa, é tentar desviar a atenção dos vradeiros culpados, nossos governantes.
As tragédias que aconteceram na região sudeste, especialmente no rio, como as que também acontecem em nossa cidade de Ubá todos os anos, não foram uma tragédia natural e sim uma tragédia social.

Nenhum comentário:

Postar um comentário